Vinte e nove mergulhadores da Marinha e do Corpo de Bombeiros retomaram na tarde desta quarta-feira (25) as buscas pelos 13 desaparecidos após a queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga os estados do Tocantins e do Maranhão, no último domingo (22). Quatro mortes foram confirmadas.
A operação com mergulhadores foi interrompida no início da noite de domingo após as autoridades alertarem para risco de contaminação do rio Tocantins. Entre os veículos que caíram nas águas estão dois caminhões-tanque que transportavam 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de defensivos agrícolas.
Segundo a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), até o momento não há indícios de contaminação.
O parecer técnico da agência para parâmetros básicos de qualidade da água não constatou alterações significativas. A avaliação se limita a impactos imediatos de possível derramamento de ácido sulfúrico.
Ainda de acordo com a ANA, não há, ainda, informação sobre o rompimento efetivo das embalagens dos defensivos agrícolas, que podem ter permanecido intactas.
"Foram coletadas amostras para análises laboratoriais dos principais parâmetros de interesse dos operadores de sistemas públicos de abastecimento de água, em especial dos princípios ativos dos pesticidas potencialmente lançados na coluna d’água do rio Tocantins. As amostras foram coletadas em cinco pontos no trecho de aproximadamente 135 km desde o reservatório da Usina Hidrelétrica Estreito até o município de Imperatriz (MA)", disse a ANA, em comunicado.
As análises estão sendo realizadas com apoio da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), do Ministério do Meio Ambiente e da Embrapa Meio Ambiente.
Uma reunião entre instituições do governo federal, do Tocantins e do Maranhão foi marcada para a tarde de quinta-feira (26) para o "acompanhamento dos impactos sobre os usos múltiplos da água decorrentes do desabamento da ponte sobre o rio Tocantins".
O governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), publicou em rede social informações do laudo da ANA para anunciar a retomada da captação de água para abastecimento da cidade de Imperatriz.
Também nesta quarta-feira, a PF (Polícia Federal) abriu uma investigação para apurar as causas do acidente e os consequentes danos ambientais.
Ao menos 13 pessoas seguem desaparecidas após o acidente, incluindo duas crianças. Na terça-feira, as equipes de buscas localizaram o corpo de Lorrane Cidronio de Jesus, 11. Ela estava com os avós em um caminhão carregado de portas de MDF na hora do acidente.
Também foi localizado o corpo do motorista Kecio Francisco Santos Lopes, 42, que dirigia o caminhão de defensivos agrícolas que despencou quando a ponte cedeu.
A quarta morte confirmada foi a de Andreia Maria de Sousa, 45, motorista do caminhão com ácido sulfúrico.
No domingo, os bombeiros já haviam confirmado a morte de Lorena Ribeiro Rodrigues, 25, moradora de Aguiarnópolis. Um homem de 36 anos foi resgatado com vida no mesmo dia.
A Marinha afirma que está usando um equipamento chamado SideScan Sonar, que identificou a possível localização de um dos caminhões, a creca de 40 metros de profundidade.
Depois do acidente, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) enviou uma equipe para analisar a situação no local e disse que abriu uma sindicância para apurar responsabilidades. Segundo o ministro Renan Filho (Transportes), a reforma da ponte deve custar entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões.
A ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira liga os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), cruzando o rio Tocantins, e faz parte da rodovia BR-226, um dos trechos da Belém-Brasília.
O desabamento atingiu o vão central da estrutura, que tinha 533 metros de extensão.