A Prefeitura de Belágua, cidade a 279 km de São Luís, cidade envolvida em esquema milionário de desvio de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), afirmou que só denunciou os erros em lançamentos no sistema três anos após o início das investigações. O caso foi alvo de uma reportagem do Fantástico nesse domingo (23).
As investigações do Ministério Público Federal (MPF) apontam que a cidade que tem 7.528 habitantes, fez 50 mil atendimentos pós-Covid, quase seis vezes a quantidade de moradores do município. Ao todo, 446 pessoas tiveram a doença em Belágua.
Em nota, o prefeito de Belágua, Herlon Costa (PSC), afirmou que as investigações da prefeitura foram iniciadas em 9 de dezembro de 2022, nos quais foram identificados erros no lançamento de dados e a situação, foi comunicada diretamente ao Ministério da Saúde (Leia a nota na íntegra mais abaixo).
Entretanto, a informação não corresponde aos documentos oficiais do MPF, que mostram que as investigações foram iniciadas em outubro, ou seja, três meses antes da data informada pelo prefeito.
Belágua recebeu, do Ministério da Saúde, R$ 1.105.062,12 para tratamentos de pacientes com sequelas da Covid-19. O valor é superior à verba repassada para vários estados do país, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
Em entrevista ao Fantástico, o prefeito da cidade atribuiu o problema à um 'digitador', que teria feito os cálculos e lançado de forma errônea no sistema.
O Maranhão foi o estado do país que mais recebeu recursos do Ministério da Saúde para tratamentos de reabilitação pós-Covid. De janeiro à maio de 2022, foram repassados R$ 19.753.712,01, cerca de 93,3% do valor total da verba destinada.