Um dia após a queda do ditador Bashar al-Assad e a tomada de Damasco, as forças rebeldes que derrubaram o governo da Síria começaram a tentar restabelecer o senso de normalidade nesta segunda-feira, em meio às preocupações da comunidade internacional com a possível deterioração da estabilidade política do país. Enquanto um plano de transição não é apresentado e restam dúvidas sobre quem de fato está no poder, países próximos à crise na região lançaram ataques contra diferentes partes do território sírio — um indicativo de que atores externos podem ter um peso tão decisivo quanto as deliberações entre os nacionais.
Entre o domingo e a segunda-feira, uma série de ataques estrangeiros foi lançada contra o território sírio, fragmentado entre vários grupos. Estados Unidos, Israel e Turquia bombardearam alvos em partes distintas do país, observando demandas estratégicas e de segurança próprias. Nenhum agente estrangeiro afirmou ter atacado o Hayet Tahrir al-Sham (HTS), principal grupo envolvido na derrubada da ditadura Assad.
Em um pronunciamento em Jerusalém, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, afirmou que as Forças Armadas israelenses bombardearam "sistemas estratégicos de armas" que pertenciam às forças de Assad, incluindo armas químicas e mísseis de longo alcance. Um fotógrafo da rede americana CNN flagrou o momento em que caças israelenses cruzaram a região das Colinas de Golã em direção ao território sírio, e repórteres em Damasco disseram ter ouvido explosões no começo da manhã.
— O único interesse que temos é a segurança de Israel e seus cidadãos... é por isso que atacamos sistemas de armas estratégicas, como, por exemplo, armas químicas residuais ou mísseis de longo alcance e foguetes, para que eles não caiam nas mãos de extremistas — afirmou Saar.
A miríade de grupos armados que surgiram ao longo de 13 anos de guerra civil na Síria, muitos deles unidos pelo único objetivo de derrubar Assad do poder, é motivo de preocupação por parte de vários países. Teme-se que, em vez de uma transição ordenada, forças com interesses opostos entrem em rota de colisão para garantir uma fatia maior de influência — sobretudo em um país onde ainda há atividade de grupos terroristas internacionais.