O dólar fechou em disparada de 1,52% nesta sexta-feira (1°), cotado a R$ 5,869, o maior patamar para a moeda norte-americana desde o início da pandemia, quando, em 15 de maio de 2020, esteve cotada a R$ 5,841.
A forte alta veio em resposta à proximidade das eleições presidenciais dos Estados Unidos, à medida que o candidato republicano, Donald Trump, amplia seu favoritismo no mercado de apostas. Mas a cena doméstica adicionou ainda mais pressão ao câmbio, com investidores temorosos sobre o rumo das contas públicas brasileiras.
A moeda, que chegou a bater R$ 5,762 na mínima, disparou no final da tarde, em reação à viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à Europa na próxima semana.
A ausência do chefe da ala econômica do governo irá tornar "praticamente impossível", segundo um interlocutor ouvido pela Folha, que o pacote de revisão de gastos seja definido nos próximos dias —a contragosto do mercado, que espera celeridade na resolução das incertezas fiscais.
A Bolsa, na esteira, fechou em forte queda de 1,22%, aos 128.123 pontos.
O primeiro gatilho para a disparada do câmbio veio do exterior. O relatório "payroll" (folha de pagamento, em inglês) dos Estados Unidos apontou que 12 mil postos de trabalho foram criados no mês de outubro, ante 254 mil no mês anterior. A expectativa de analistas consultados pela Reuters era de 113 mil novas vagas.
Por outro lado, o relatório também mostrou que a taxa de desemprego americana se manteve em 4,1% no mês, exatamente em linha com o esperado.
A forte desaceleração, segundo especialistas, foi causada por furacões recentes, como o Milton, e greves trabalhistas —em especial a paralisação na Boeing—, o que dificulta uma interpretação mais acertada sobre o significado dos dados desta sexta.
A leitura, apesar disso, é de que o mercado de trabalho está, de fato, mais enfraquecido do que se achava anteriormente.