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Dólar tem nova disparada e fecha em recorde de R$ 6,26 com pacote fiscal e Fed

Mercado segue atento à tramitação das propostas no Congresso; banco central dos EUA cortou juros, mas sinalizou reduções menores em 2025

Publicada em 18/12/24 às 19:12h - 9 visualizações

Folha de São Paulo


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Dólar tem nova disparada e fecha em recorde de R$ 6,26 com pacote fiscal e Fed

dólar fechou em R$ 6,267 nesta quarta-feira (18), novo recorde nominal para a moeda norte-americana.

A disparada de 2,81% ocorreu em meio à tramitação do pacote de corte de gastos do governo no Congresso Nacional. A Câmara dos Deputados aprovou a primeira parte do projeto na terça, e as outras duas deverão ser analisadas no plenário nesta sessão.

Os investidores ainda analisaram a última decisão de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) do ano. A autoridade optou por uma redução de 0,25 ponto na taxa de juros, agora na banda de 4,25% e 4,50%, mas projeta apenas 0,50 ponto de corte em 2025.

Ainda que o valor de R$ 6,267 seja recorde na base nominal —a que desconsidera a inflação do cálculo—, a maior cotação real foi atingida em setembro de 2002, na esteira da primeira eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Corrigido pela inflação, o valor do dólar naquela ocasião seria hoje o correspondente a R$ 8,81.

A conta, feito pela consultoria Elos Ayta, considera a cotação da Ptax —a taxa de câmbio calculada pelo BC (Banco Central)— e ajustes pela inflação brasileira (IPCA) e norte-americana (CPI) até novembro de 2024.

Câmara aprovou, na noite de terça, o texto-base de um dos projetos do pacote de contenção de gastos do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A proposta não contempla alguns dos pontos centrais do pacote, como o limite ao ganho real do salário mínimo e as mudanças no BPC (Benefício de Prestação Continuada), mas prevê outros dispositivos relevantes, como a possibilidade de bloquear até 15% das emendas parlamentares para cumprir os limites do arcabouço fiscal.

O resultado da votação é a primeira sinalização concreta de que as medidas têm condições de avançar no Congresso Nacional. Mas, entre os agentes do mercado, ainda há preocupações de que o pacote possa não ser votado até o fim do ano ou que as propostas sejam desidratadas. Os parlamentares entram em recesso já nesta sexta-feira (20).

"Caso consigam aprovar tudo ainda em 2024, é possível que o mercado se tranquilize. Essa perspectiva apareceu na segunda metade do pregão de terça, quando, depois de uma manhã de muito estresse que levou o dólar até a R$ 6,20, os ânimos se acalmaram", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Além do PLP, ainda está pendente de aprovação o projeto de lei ordinária que contempla o limite ao ganho real do salário mínimo, as mudanças no BPC (pago a idosos e pessoas de baixa renda) e a alteração na regra de cálculo dos repasses ao FCDF (Fundo Constitucional do Distrito Federal), entre outras medidas.

O pacote do ministro Fernando Haddad (Fazenda) ainda inclui uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que mexe no critério de concessão do abono salarial (espécie de 14º salário pago a parte dos trabalhadores com carteira assinada) e busca extinguir de vez com os supersalários na administração pública.

Ambos os projetos deverão ser analisados no plenário da Câmara nesta sessão, enquanto o texto-base segue para o Senado.

Mas, mesmo que o pacote seja aprovado, a percepção do mercado é que ele ainda não é o suficiente para estancar a crise das contas públicas.

"O pacote é medíocre e insuficiente. O governo vai ter que apresentar medidas adicionais para tentar reancorar as expectativas que foram desancoradas por conta do próprio governo. Ele criou a situação atual com uma comunicação truncada na apresentação do pacote, e foi uma grande frustração. Caso aprovado, parte do problema será endereçado, mas ainda falta mais", diz Spiess.

A pressão afetou a Bolsa, que desabou 3,14%, aos 120.772 pontos, e as curvas de juros futuros. O contrato para janeiro de 2026 subiu de 15,08%, do ajuste anterior, para 15,38%. O de janeiro de 2027 foi de 15,415% para 15,87%; e a de janeiro de 2029 avançava de 15,12% para 15,57%.

Para conter parte do estresse, o Tesouro Nacional anunciou a compra e a venda de títulos públicos nesta semana. Serão três dias de leilões (18, 19 e 20 de dezembro), cujas condições das ofertas serão divulgadas nos dias de realização.

Para realizar essas operações, o órgão cancelou o leilão tradicional de títulos previsto para quinta.




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