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Foi erro emocional de jogar o rapaz ali, diz comandante da PM sobre agente que atirou homem de ponte

Coronel Cássio Araújo de Freitas classifica o caso como 'bastante preocupante', anuncia novo programa de treinamento e diz que número de mortes por PMs subiu porque ações foram intensificadas

Publicada em 03/12/24 às 19:31h - 10 visualizações

Folha de São Paulo


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Foi erro emocional de jogar o rapaz ali, diz comandante da PM sobre agente que atirou homem de ponte
 (Foto: GAZETA DE TIMON)
São Paulo

O comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, o coronel Cássio Araújo de Freitas, afirmou que entre os casos recentes de violência policial, o episódio em que um agente arremessa um homem de uma ponte no bairro Cidade Ademar, na zona sul da capital, é o mais preocupante. Ele classificou como "um erro emocional".

"Eu considero um erro básico. Um erro emocional de jogar o rapaz ali. Aquilo era quase infantil um negócio daquele. Comete um erro básico, vai ser julgado por aquilo", afirmou.

O coronel destacou a diferença desse caso em comparação com outros. "Essa do rapaz que foi arremessado eu acho que ela é bastante preocupante. Porque as demais você consegue linkar com algum início positivo da ação. Ela foge demais da normalidade daquilo que a gente faz. Parece que foi quase uma brincadeira dele ter feito aquilo ali. Porque a informação que nós temos é que eles estavam atuando, fizeram a apreensão de uma motocicleta e depois, sem nenhuma razão aparente, ele fez aquilo ali", explicou o comandante.

Para ele, o caso preocupa porque, diferentemente dos casos recentes que terminaram em morte, a exemplo do que envolveu o estudante de medicina Aurélio Cardenas Acosta, 22, não houve emprego da força.

"Esse para mim foi o mais marcante de todos. Embora o resultado dele foi diferente. Só que nas outras, o início começa com o emprego adequado do uso da força, depois que ele transborda. Essa não, essa me pareceu um pouco gratuita. E é isso que é preocupante para a gente", afirmou.

O comandante Cássio diz que a competência emocional só acontece quando o policial tem muita experiência, que vai adquirindo essa característica com os anos de trabalho.

"Eu consigo treinar a competência emocional, mas eu não consigo ensiná-la numa cadeira escolar. Como que você treina a competência emocional? É colocando o profissional durante os treinamentos em situações difíceis. Essa capacitação emocional, ela vem com o tempo. Por isso que a gente tenta colocar um policial já mais experiente, trabalhando com os policiais jovens. Para ele continuar esse aprendizado", explicou.

O comandante afirmou que a instituição é técnica e que nesses episódios recentes de violência policial, houve falhas que causaram danos colaterais –como as mortes são chamadas.

"Não estamos justificando a ação, a gente lamenta muito. E nós lamentamos desde o primeiro momento, nós lamentamos a morte desse rapaz [estudante de medicina] e todos os episódios onde nós tivemos esses danos colaterais, a gente lamenta. O comando da instituição pede desculpas quando necessário", disse.

Porém, afirmou que evita se posicionar quando há investigação. "Isso não é bom para o processo apuratório e também não é bom para o processo de defesa das pessoas e de acusação. Se não fosse essa posição, a gente já teria nos desculpado mais de uma vez", declarou.

O comandante afirmou que será implantado um novo programa para diminuição de danos colaterais. A medida foi decidida após a morte do menino Ryan da Silva Andrade Santos, 4 anos, em 5 de novembro, no Morro de São Bento, em Santos, litoral paulista. A criança foi atingida por um disparo feito por um policial durante embate com criminosos.

"Aquilo ali foi bastante emblemático para mim, então por isso que eu tomei a decisão de juntar esses treinamentos e fazer algo específico para que a gente possa entender melhor a possibilidade de danos colaterais. Às vezes, vale mais você não agir em determinado momento, do que você agir e ter a possibilidade de ter danos colaterais. A polícia já faz isso, mas agora eu quero sistematizar o treinamento", explicou o comandante.

De janeiro a setembro, um total de 474 pessoas foram mortas por PMs em serviço em todo o estado. No mesmo período do ano passado foram 261 mortes, o que significa um aumento de 81% na letalidade. Para o comandante, esse crescimento se deve ao aumento das operações.

"Eu atribuo esse aumento a nós termos intensificado as nossas ações. E agora, eu espero que nesse ano de 2025, nós vamos ter uma queda disso. O criminoso brasileiro, ele tem uma taxa de reação alta em relação às ordens policiais. Então ele reage mais do que o criminoso norte-americano, por exemplo. Você tem um negócio interessante, a cada 17 confrontos, em só um deles eu tenho o evento morte do criminoso", afirmou.

O comandante afirmou ter orgulho da corporação.

"Hoje eu tenho bastante orgulho, eu estudo muito as polícias de outros países. Hoje, se você citar qualquer polícia moderna, qualquer uma que você citar, a PM de São Paulo não está um milímetro atrás", afirmou.





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