Dois homens usaram uma bicicleta e um patinete para percorrer o calçadão da Avenida Beira-Mar, na Praia de Iracema, em Fortaleza, e transmitir ordens da facção criminosa carioca Comando Vermelho (CV) para o fechamento das negociações na região. Um suspeito foi preso em flagrante e teve prisão preventiva decretada pela Justiça Estadual, em audiência de custódia.
Vídeos obtidos pelo Diário do Nordeste mostram os dois suspeitos percorrendo o calçadão e pararem em vários quiosques para dar as ordens, além de conversarem com outras pessoas, na noite da última sexta-feira (23). As imagens foram capturadas por câmeras de monitoramento da região.
Conforme documentos obtidos pela reportagem, a ordem da facção Comando Vermelho para fechar os estabelecimentos comerciais, durante a sexta (24) e o sábado (25), também se manteve por grupos do WhatsApp e chegou a donos de bares e restaurantes da Praia de Iracema.
Diversos bares, restaurantes e casas de show da região publicaram mensagens nas redes sociais em que confirmaram o fechamento no sábado (24). Segundo as ordens da facção, o comércio poderia voltar a abrir as portas apenas no domingo (25).
Um dos homens que aparece nos vídeos, utilizando um patinete, Francisco Henrique da Costa Leite, foi preso em flagrante pela Polícia Militar do Ceará (PMCE), na manhã de sábado (24). O suspeito foi levado ao 2º Distrito Policial (2º DP), da Polícia Civil do Ceará (PCCE), onde foi autuado pelos crimes de constrangimento ilegal, desacato e associação criminosa.
Prisão preventiva decretada pela Justiça
Francisco Henrique da Costa Leite teve prisão em flagrante convertida em prisão preventiva, pelo Plantão Judiciário Crime, em audiência de custódia realizada no último domingo (25).
O juiz considerou, na decisão, que "é de se observar que o autuado (tem) antecedente criminal recente por delito de lesão corporal em contexto de violência familiar-doméstica contra mulher, circunstância esta que, somada aos fatos objeto deste procedimento, indica que o mesmo está inserido na vida de criminalidade e vive da prática reiterada de condutas criminosas".
Segundo o magistrado, a prisão preventiva do suspeito tem como objetivo garantir a manutenção da ordem pública. “Os elementos dos autos revelam o risco de reincidência delituosa, a gravidade concreta da conduta e periculosidade do agente, demonstrando-se, com isso, a inidoneidade das demais medidas cautelares para preservar a ordem pública”, concluiu.