"Toda profissão é honrada, mas o trabalho dos socorristas de emergência é muito nobre, conseguem dar um suporte a pacientes e familiares muitas vezes nos momentos mais vulneráveis", afirma Dias.
O comentário do aposentado é emblemático da percepção que a população tem do Samu, como é conhecido comumente o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Uma pesquisa feita pelo Samu de São Paulo revelou que 90% dos moradores percebem positivamente o serviço que completou 20 anos neste sábado (27).
"Acho que a melhor parte do trabalho é poder confortar; salvar uma vida às vezes é difícil, o êxito nem sempre acontece, mas confortar um parente, uma família, é o principal", avalia Francis Fuji, de 45 anos, 16 deles dedicados ao cuidado pré-hospitalar. "Por pior que seja o desfecho, a família agradece porque a gente confortou, acolheu, e teve amor naquilo que fez."
NASCIMENTO
O Samu nasceu oficialmente em 27 de abril de 2004, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto 5.055 que institui o serviço em municípios e regiões do território nacional. O número 192 foi estabelecido para acionar o serviço em todo o país.
O decreto universalizou o atendimento que já vinha sendo testado desde 2003, após a publicação, no ano anterior, da portaria ministerial 2.048, que determina regras de atuação, tais como equipamentos e protocolos a serem seguidos – decisões que, para os "pais" do Samu, não eram nada triviais à época.
"Quais equipamentos íamos colocar na ambulância? As mochilas vão ter quais medicações? O que vamos levar dentro de uma mochila do enfermeiro, dentro da mochila do médico?", exemplifica o coordenador do Samu de São Paulo, Laelcio Ramos.
Passadas duas décadas, o Samu alcança 187,2 milhões de pessoas em 3,9 mil municípios, segundo o Ministério da Saúde, o que equivale a cerca de 92% da população – graças a algumas mudanças feitas no modelo francês que serviu de referência na implementação do serviço, como, por exemplo, o uso de motocicletas no atendimento a partir de 2008. Informações da Folha de São Paulo.