O Dia Mundial da Água é celebrado anualmente em 22 de março como forma de chamar a atenção para a importância da água doce e defender a gestão sustentável deste “bem vital e comum da humanidade”.
Em 2024, a data tem como foco o tema “Água para a Prosperidade e a Paz”, com mensagens da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, Unesco, e da Comissão Econômica da ONU para a Europa, Unece.
O Brasil também enfrenta problemas na distribuição de água potável apresentando um alto índice de desperdício. No país, aproximadamente 35 milhões de brasileiros não têm abastecimento de água em suas residências. Não obstante, o Brasil ainda registra grande ineficiência na distribuição da água potável pelas regiões. (Instituto Trata Brasil)
Condições sociopolíticas instáveis
Segundo a Unesco, a gestão sustentável da água gera uma infinidade de benefícios para indivíduos e comunidades, incluindo saúde, segurança alimentar e energética, proteção contra riscos naturais, educação, melhoria dos padrões de vida e emprego, desenvolvimento econômico e uma variedade de serviços ecossistêmicos.
A agência defende que é através desses benefícios que a água leva à prosperidade e que a partilha equitativa desses benefícios promove a paz.
A edição de 2024 do Relatório Mundial de Desenvolvimento da Água das Nações Unidas destaca como desenvolver e manter a segurança hídrica e o acesso equitativo aos serviços de água.
De acordo com a Unesco, eventos recentes de epidemias globais a conflitos armados, enfatizaram que as condições sociopolíticas sob as quais a água é fornecida, gerenciada e usada podem mudar rapidamente.
Para a agência, a gestão da água tem de ter em conta as novas realidades econômicas e sociais, incluindo as alterações climáticas e geopolíticas e as suas implicações nos recursos hídricos. Alavancar a água para a prosperidade e a paz, portanto, requer ações além do domínio hídrico.
Cooperação transfronteiriça na gestão da água
A Unece afirma que mais de 60% da água doce mundial flui através de fronteiras nacionais, como no Congo, no Danúbio, na Amazônia e no Mekong, nas bacias de lagos como o Lago Genebra ou os Grandes Lagos. A agência citou ainda as mais de 450 reservas transfronteiriças de águas subterrâneas identificadas em todo o mundo.
Com a crescente escassez de água em todo o planeta, a cooperação transfronteiriça é considerada crucial para a estabilidade regional, a prevenção de conflitos e o desenvolvimento sustentável.
Os impactos das alterações climáticas, como as secas e as inundações, bem como a poluição e a crescente procura por água, estão colocando uma pressão crescente sobre os recursos hídricos, tanto nos países em desenvolvimento como nos desenvolvidos, e estão entre os principais motores da dinâmica da cooperação.
No entanto, o progresso é considerado muito lento. Novos dados de um relatório conjunto da Unesco e Unece sobre a cooperação transfronteiriça no domínio da água revelam que apenas 26 dos 153 países em todo o mundo que partilham recursos hídricos têm todas as suas áreas de bacias transfronteiriças cobertas por acordos operacionais para cooperação hídrica, em comparação com 24 em 2020. Apenas 10 novos acordos transfronteiriços foram assinados no período.
Fatos relevantes
Ø 2,2 bilhões de pessoas não tinham condições para gerir com segurança a água potável em 2022.
Ø Cerca de 80% dos empregos são dependentes da água em países de baixa renda, onde a agricultura é a principal fonte de subsistência.
Ø 72% de captação de água doce é utilizada pela agricultura.
Ø 1,4 bilhão de pessoas foram afetadas por secas entre 2002 e 2021.
Ø Até 10% do aumento da migração global entre 1970-2000 esteve ligado a déficits de água.