A febre maculosa é uma infecção grave transmitida por carrapatos contaminados com a bactéria Rickettsia rickettsii. Essa enfermidade possui um risco de vida significativo e pode levar à morte até 60% dos indivíduos afetados. Além de causar febre, a doença também se caracteriza pela presença de manchas na pele e, por isso, leva o nome de “maculosa”.
No Brasil, o carrapato-estrela é o principal vetor dessa doença. Eles são comumente encontrados em áreas rurais, como matas, pastos e regiões de vegetação mais densa. Conforme explica o infectologista Kelson Veras, pessoas que vão às zonas rurais à trabalho ou lazer devem estar atentas à possibilidade de contrair a doença.
“A pessoa que vai a trabalho geralmente segue as recomendações do uso de equipamentos de proteção individual, que a própria empresa deve fornecer. Para aqueles que vão se aventurar na mata ou na zona rural por lazer, é recomendado que se evite o contato direto com animais silvestres e de estimação. Se isso não for possível, é fundamental que a pessoa esteja usando repelente”, aponta.
Segundo o infectologista, é importante que os indivíduos, após passarem certo tempo em zonas rurais e em contato com a natureza, façam exames para constatar se há ou não infecções. “O carrapato pode ser muito pequeno e ainda estar na fase precoce do desenvolvimento, mas ainda é necessário que a pessoa seja bem examinada para afastar a possibilidade de carrapatos”, aponta Kelson Veras.
Vale lembrar que a infecção por carrapato também pode acontecer na zona urbana da cidade. “Existe a possibilidade de carrapatos de cães transmitirem essa doença. Por isso, é importante manter nossos animais domésticos bem cuidados e livres de carrapatos”, acrescenta.
Na última semana, a doença tem chamado atenção devido ao aumento do número de casos em alguns estados do Brasil. Em Campinas (SP), por exemplo, quatro mortes já foram confirmadas este ano. De acordo com as informações prestadas pelos meios de comunicação da cidade, as pessoas que vieram a óbito estiveram presentes em um evento que ocorreu no interior paulista no último dia 27 de maio.
Em Minas Gerais, também foram confirmadas duas mortes em 2023. A doença é comum no Estado e o número de casos tende a aumentar em períodos mais secos. No Piauí, ainda não foram confirmadas mortes pela doença. No entanto, em dezembro de 2022, a Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (Sesapi) notificou dois possíveis casos de febre maculosa na cidade de Teresina.
“Temos vários estados no Brasil onde existem casos de febre maculosa. Curiosamente, no Piauí não temos relatos. Mas, isso deve ocorrer por falta de diagnósticos”, afirma Kelson Veras.
O infectologista informa que a febre maculosa leva à morte porque causa sepse com muita facilidade. “A sepse é uma inflamação desregulada no nosso sistema imunológico que afeta o funcionamento dos rins, do pulmão e do coração. Isso pode ocorrer com qualquer bactéria, mas a bactéria da febre maculosa tem maior facilidade em desenvolver a sepse”, comenta o médico.
Os sintomas iniciais da febre maculosa podem se manifestar de 2 a 14 dias após a picada do carrapato infectado. Os principais sintomas incluem febre alta, dor de cabeça intensa, dores musculares, mal-estar geral e manchas vermelhas na pele.
Com o avanço da doença, podem ocorrer complicações graves, como comprometimento do sistema nervoso central, pulmonar e renal. O diagnóstico é realizado com base nos sintomas apresentados pelo paciente, histórico de exposição a carrapatos e exames laboratoriais, como sorologia e análise de sangue.
O tratamento para a doença deve ser realizado de forma imediata através do uso de antibióticos. “Não dá para esperar a confirmação de que a doença se trata de febre maculosa, pois demora no mínimo uma semana para o laboratório confirmar. Na hora que suspeitamos que se trata dessa doença, é preciso começar com o antibiótico”, conclui o médico.
1- Evitar áreas infestadas por carrapatos: Se possível, evite áreas de mata densa, pastagens e locais com alta incidência de carrapatos. Caso seja necessário frequentar esses ambientes, tome precauções extras.
2- Roupas adequadas: Use roupas compridas, preferencialmente de cores claras, para facilitar a identificação de carrapatos. Certifique-se de que as roupas estejam bem ajustadas ao corpo, minimizando a exposição da pele.
3- Repelentes: Utilize repelentes devidamente registrados nos órgãos competentes e siga as instruções de uso. Aplique-os nas áreas expostas do corpo.
4- Inspeção corporal: Após passar por áreas suspeitas, faça uma inspeção detalhada em seu corpo e roupas para identificar e remover carrapatos. Preste atenção especial às áreas de dobras da pele, cabelos e regiões de difícil visualização.